Michelle Rezende
Professora/Implementadora de Informática Aplicada à Educação na Rede Municipal de Ensino de Volta Redonda/RJ. Há seis anos, realiza seus trabalhos e projetos educacionais usando Softwares Livres. Acredita na educação como porta de entrada para a democratização do acesso ao conhecimento.
jan 19, 2015
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Pensando no baixo rendimento de uma parcela de alunos do 3º Ano da nossa escola em leitura e escrita, além da dificuldade destes em se expressar oralmente e com clareza, este projeto foi pensado. Em parceria com o laboratório de informática, nós, professores, criamos algumas estratégias para tornar mais prazeroso e atrativo o mundo da leitura para esses alunos.
A princípio, usar as tecnologias disponíveis em nossa escola seria uma forma de proporcionar aulas diferentes das que eles já estavam acostumados diariamente – quadro, livros, cadernos, lápis, aulas expositivas (apenas). Utilizaríamos nessas aulas novas ferramentas, novas formas de aprendizagem, colocando esses alunos como investigadores, pesquisadores, em constante troca com o outro. Foi aí que apresentamos a ideia de criar um jornal para nossa escola feito pelos próprios alunos.
Propomos os seguintes objetivos para o projeto:
- Promover melhorias na leitura e na escrita;
- Utilizar as novas tecnologias aliando-as ao mundo da leitura e escrita;
- Estimular a expressão oral;
- Explorar a produção de diferentes gêneros textuais;
- Instigar a busca por informações para o jornal;
- Criar o hábito de revisar os próprios textos;
- Digitar e formatar textos no editor de texto Writer;
- Oportunizar momentos de trabalho em equipe;
- Visitar um jornal da cidade para conhecer todo o processo de criação de um jornal.
- Produzir um jornal escolar com alunos do 3º Ano da escola.
Logo na primeira aula, foram apresentados aos alunos vários jornais impressos (locais e nacionais) para que eles pudessem observar e estabelecer semelhanças e diferenças nas informações, formatação, primeira página, entre outros aspectos. Essa dinâmica promoveu a identificação dos principais elementos de uma notícia: O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? É claro, instigando-os com perguntas sobre. Além disso, nós professores, tivemos a oportunidade de conhecer um pouquinho a realidade desses alunos, o que nos trouxe uma grande surpresa: quase todos tinham acesso a jornais e até revistas em suas casas.
Nas aulas seguintes, foi apresentado o editor de textos Writer como ferramenta indispensável para a criação do produto final – o jornal escolar. Os alunos, aula após aula, conheceram ferramentas do editor, bem como aprenderam a criar e salvar documentos em pastas, organizando assim o trabalho. O objetivo foi trabalhar em cada ferramenta apresentada o que eles mais erravam nas suas produções em sala: letra maiúscula/minúscula, pontuação, concordância, fazendo com que eles não só escrevessem (neste caso digitassem) mas também lessem o que estavam escrevendo, corrigindo os possíveis erros, pois isso não era uma prática.
Em uma aula realizamos uma reunião onde, além de definirmos as seções que o jornal teria (esporte, notícias do bairro, entrevistas, entretenimento…), dividimos os alunos em grupos de acordo com essas. Além disso, ficou definido o grupo de alunos que faria a organização das notícias e a formatação final do jornal.
Cada equipe de alunos encarregada de buscar informações na escola e no bairro para o jornal, recebeu um bloquinho personalizado para as futuras anotações, além de um crachá de identificação.
Criamos também uma “equipe de artes” responsável por criar um logotipo para o jornal. Os próprios alunos do projeto votaram e escolheram. O critério para a escolha foi o desenho que mais se encaixaria com a ideia de um jornal escolar. Vejam:
Um dos objetivos do projeto foi conhecer de perto a redação de um jornal da nossa cidade. Nesta visita, os alunos puderam conhecer, não só a redação do Jornal Diário do Vale, aqui da nossa cidade, mas também sua gráfica com imensas “máquinas de fazer jornal” – como definiu um aluno.
De volta à escola e, usando os conhecimentos que adquiriram nas aulas em relação ao editor, os alunos organizaram as informações e realizaram uma edição caprichada, finalizando assim, a primeira edição do jornal que levou o nome da escola – Mário Villani. Cada aluno da escola, bem como cada funcionário recebeu um exemplar. E foram os próprios alunos do projeto que fizeram questão de entregar e explicar em cada sala de aula e setor da escola como o jornal foi pensado e criado. Vejam como ficou:
OBS: o jornal foi impresso em uma folha tamanho A4 frente e verso e dobrado (após impresso). As duas imagens acima mostram o mesmo aberto.
O mais interessante, além do jornal produzido, foi poder mostrar que o trabalho com editores de textos não deve se limitar a simples digitação ou cópias de textos, mas sim ser explorado, como foi nesse projeto. Podemos criar inúmeros materiais utilizando as mais variadas ferramentas que ele nos oferece. Pensem nisso!
Dessa forma, “aprendendo a aprender” educandos e educadores serão mais que sujeitos do/no processo de ensino e aprendizagem, mas agentes sociais dispostos a intervir para as transformações e a (re)visão do mundo, cultivando valores que promovam a virtude. Como dizia Voltaire, como virtuosos, “estarão fazendo o bem não a si, mas aos homens” (Voltaire 1956: p. 321). O saber, assim, será uma conquista constante da humanização.
REFERÊNCIA:
CAPRA, Fritjof et ali. Pertencendo ao Universo. 10. Ed. São Paulo. Cultrix, 1998.
